data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Foto: Pâmela Rubin Matge (Diário)
O primeiro encontro entre o secretário de Saúde Francisco Harrisson, familiares de Murilo Brasil Brum, 5 anos, e Antônia Antônia Pradie Borchardt, 4 anos, - as crianças que morreram por conta de uma infecção ainda sem causa identificada - ocorreu na manhã desta quarta-feira entre as 8h30min e 10h15min na sala da presidência da Câmara de Vereadores.
Entre cobranças e esclarecimentos, a reunião foi marcada por dúvidas que ainda persistem, tanto aos pais quanto ao próprio município. O resultado de nove amostras enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen) ainda continua sem prazo de divulgação. A possível bactéria que, segundo o secretário, é causa mais provável da doença e que liberaria uma toxina causadora do agravamento da infecção também não se sabe qual é. Entre as amostras, há de pessoas que não tiveram contato com as crianças, bem como da mãe de um aluno do Sesi que chegou a ser internada na CTI do Hospital de Caridade e liberada.
'Não tive tempo de me despedir', afirma mãe de menina morta em surto de infecção intestinal
Os pais questionaram sobre a diferença dos protocolos médicos nos dois casos, da demora do contato com a Vigilância Sanitária e da Secretaria de Saúde e da segurança em alunos da cidade retornarem ao local que correlaciona todos os casos: Escola de Educação Infantil do Sesi, no Bairro Patronato.
- Que dia a Vigilância esteve lá em casa? Passei o contato dia 24 e foram uma semana depois? No laboratório, as pessoas tinham áudios sobre o Murilo e ninguém havia nos procurado - relata Vinícius da Silva Brum, pai do menino.
- Se não é por protocolo, por que não nos procuraram por humanidade? De Santa Maria, ninguém nos procurou. Do Sesi, ligaram apenas para pedir atestado de óbito - contou Rosane Pradie, avó de Antônia.
Harrisson argumentou que há medidas que fogem às atribuições da Vigilância Sanitária e que, desde o dia 24 de dezembro, foi instalado um gabinete de crise e enviada uma nota explicativa para os hospitais e, após, feitas forças-tarefas com acadêmicos da Universidade Franciscana (UFN) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para cruzamento de dados de pessoas que buscavam por atendimento com diarreia, vômito, febre e dor abdominal. Também disse que não autoridade e nem subsídios técnicos, até o momento, para interditar a escola.
- Primeiro passo epidemiológico é identificar que há uma doença, o segundo passo é fazer o cercamento e conhecer as possibilidades de pessoas que podem ser atingidas e trazer para uma avaliação médica. Nosso papel como vigilância é alertar a população - explicou o secretário.
NO SESI
Segundo o secretário, a Vigilância Sanitária foi à escola e fez uma vistoria na água da caixa d'água, do poço e do vaso sanitário. Os resultados foram divulgados em um boletim. Na análise da água de um poço artesiano do local, foi constatado que havia coliformes fecais. A escola informou que essa água não é utilizada.
Pais buscam respostas para as mortes e o surto de infecção na cidade
Vinícius questionou se a areia das quadras, não apenas a da pracinha, foi coletada para análise. Pois o poço teriam um vazamento de água que chegava às quadras. A resposta não foi dada.
Para pais e avós das crianças, a postura da escola é de omissão:
- Em outros casos, a escola avisa até quando as crianças têm piolhos. Havia outros pessoas com sintomas semelhantes da Antônia e do Murilo, que estavam acontecendo desde o dia 11 de dezembro. Por que ninguém foi avisado? - pergunta Rosane.
Já no final da reunião, Harrisson firmou um compromisso diante dos vereadores e dos pais:
- Assim que saírem os laudos, serão os primeiros a saberem. O (laudo) do Lacen e o da Fiocruz, faremos o contato com os pais antes qualquer um.
O encontro ocorreu a convite dos vereadores depois de uma reunião sobre o mesmo assunto com o secretário na última terça-feira. Entre os vereadores que participaram nesta quarta, estavam Adelar Vargas, o Bolinha, atual presidente da Casa, Alexandre Vargas, Marion Mortari e Valdir Oliveira.
- Para mim, essa reunião não mudou nada, não trouxe resposta alguma - disse Suelen Pradie Borchardt, mãe de Antônia, após o término do encontro.
Na última sexta-feira, durante uma coletiva de imprensa, a prefeitura deu o surto por encerrado, já que estava e controlado e não surgiram novos casos graves. Porém, conforme Harrisson, o acompanhamento e o resultado dos exames seguem em investigação.
O Diário aguarda manifestação da assessoria de comunicação do Sesi.
ÚLTIMO BOLETIM
De acordo com o boletim divulgado no dia 3 de janeiro, do dia 26 de dezembro ao dia 1º de janeiro, 1.522 pessoas (entre adultos e crianças), procuraram atendimento, na rede pública e privada, com sintomas de infecção de intestinal. Antes disso, nos dias 24 e 25 de dezembro, quando o alerta do surto foi oficializado, o número de pessoas com sintomas era 269. Isso totaliza 1.791 pessoas em um período de nove dias.
O total de casos graves registrados na cidade foi de seis: as duas crianças que morreram, a mulher que deixou a CTI no último sábado e outros três pacientes que foram tratados ambulatorialmente, três crianças que estudam no Sesi. O sexto caso foi identificado recentemente, mas a criança ficou no hospital entre os dias 11 e 15 de dezembro.